sexta-feira, 10 de junho de 2011

A ciência de Jean Baptiste de Lamarck



Lamarck, naturalista francês que viveu de 1744 a 1829, foi responsável por desenvolver a teoria dos caracteres adquiridos e ainda por representar o desenvolvimento das idéias pré-darwinistas.
O intuito de apresentar aqui um cientista do século XVIII e XIX, é como temos pontuando através das postagens anteriores, mostrar a ciência como algo intrínseco ao processo histórico. Assim, um cientista do porte de Lamarck, e que é por muitos desprezado, é de fundamental importância para a compreensão do movimento da ciência. Talvez fosse melhor considerar o desprezo que se cria, principalmente por parte dos nossos contemporâneos, aos cientistas dos séculos anteriores, como uma espécie de julgamento anacrônico. Acreditamos que nossa preocupação com esses julgamentos apressados fazem muito sentido, se considerarmos os desenvolvimentos ou apontamentos feitos por Lamarck.
A teoria de Lamarck desenvolveu-se com maior precisão posteriormente a 1800, quando passa de uma teoria essencialista( acreditando que as espécies eram imutáveis) para uma outra da transmutação das espécies. Isso leva a sua teoria da evolução das espécies.
Ao longo de seus estudos Lamarck chega as suas considerações, acerca dos caracteres adquiridos, partindo de dois fundamentos, que são os seguintes:
1- Tendência  dos seres para um melhoramento constante rumo a perfeição, ou seja, um aumento da complexidade dos seres menos desenvolvidos aos mais desenvolvidos.
2-O uso e o desuso, conjugado a transmissão dos caracteres adquiridos provoca desvios na linhagem evolutiva.
Lamarck é muito conhecido pelos exemplos acerca do Uso e do Desuso de membros de corpos de animais. É também conhecido por divulgar que os animais adquiriam novas características quando esses se esforçavam para satisfazer as suas próprias necessidades.
Assim o mais conhecido de todos os exemplos é o da girafa, que transpondo pra o nosso texto é o seguinte: imagine que as girafas, antigamente, tinham pescoços bem menores que o das girafas atuais e que, por isso, elas tivessem que esticar seus pescoços repetidamente para alcançar as copas das árvores e se alimentar. Esse movimento constante de estiramento do pescoço (uso) teria causado um alongamento no pescoço das primeiras girafas e, por isso, seus descendentes teriam nascido com pescoços mais longos que seus pais e assim sucessivamente até originar as girafas de pescoço longo que vemos atualmente.
Esse exemplo foi posteriormente reformulado, a partir da visão de Darwin. Mas são exemplos como esses, que são amplamente rechaçados pelos contemporâneos. Ora, com toda certeza sabemos que não podemos mais considerar os resultados das pesquisas de Lamarck, para justificar experimentos ou pesquisas atuais. No entanto, isso não significa que as considerações de cientistas, como o aqui analisado, sejam descartáveis, e inúteis para compreender a própria ciência.
Tentamos então demonstrar, e tentaremos nas próximas postagens, o construir-se da ciência, como parte do processo histórico, no qual a verdade é  cada vez mais considerada como algo relativo ao seu tempo. No entanto compreendemos a utilidade de se buscar a verdade, é como se fosse parte do processo de objetivação da ciência, porém nunca como componente capaz de adquirir a total  objetividade dessa.
 

3 comentários:

  1. Ola, gostei de ver voces falarem de Lamark em lugar do sempre lembrado Darwin. Só queria dizer que nao é bem assim a teoria dele, nao é esse deboche que é apresentado para nós no ensino medio/cursinho, tanto nao é que nao há nos livros dele nenhuma mençao a esse exemplo da girafa que ouvimos nossos professores repetir e repetir e repetir. Ele nao disse coisas tao bobas assim, o que ele disse é realmente digno de confusão com a atual teoria neodarwinista. Mas isso nao é uma critica, é só um comentario sobre o Lamarck que pode interessar.
    Katarina

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  2. Obrigado pelo toque, realmente a postagem pecou nisso, mas de certa forma nós intencinonamos chamar a atenção do "senso comum" de professores do ensino médio, que contribuem para a divulgação de uma teoria transfigurada de Lamarck. Se fossemos analisar melhor, não seria senso comum, mas sim a tentativa desses professores de se fazerem aceitos pelos alunos.

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  3. http://geneticacritica.blogspot.com/2010/10/o-retorno-de-lamarck.html

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