Primeiramente é preciso destacar que David Hume (1711-1776) em sua filosofia distancia-se da filosofia cartesiana, que de certa forma ainda era recorrente em sua época. O pensamento de Hume, ao contrário do de Descartes, construía-se a partir do ceticismo, ou melhor da quebra da pretensão, vigente de longa data, de encontrar alguma causa primeira que explicaria tudo e solucionaria todos os problemas do homem.
Com isso tem-se uma filosofia calcada no limite do conhecimento humano. O homem só poderia conhecer partindo da experiência, ou seja experimentando. Nunca poderia então inferir qualquer causa primeira, pois a experiência não possibilitaria isso. Partindo desse pressuposto humeano, nada pode nos garantir que um fenômeno proveniente da experiência ocorra sempre. Um exemplo que podemos inferir daí é que ao soltarmos um bola de uma certa altura e for constatado que ela caiu, nada garante, na concepção de Hume que ao repetirmos a experiência ela caia novamente.
O único elemento que possibilitaria inferir sobre a repetição de um fenômeno, a partir do que já foi experienciado, seria o hábito ou costume. Tal hábito é um princípio natural.
Este esboço sucinto, e, logicamente, não completo da filosofia de Hume possibilita pensa-la como umas das mais conhecidas e discutidas bases da filosofia da ciência, ou melhor, pode-se pensar Hume como um grande mestre e influenciador da filosofia da ciência do século XX, principalmente no que tange aos positivistas lógicos do circulo de Vienna, que posteriormente a segunda guerra mundial levaram tal influência para os Estados Unidos.
Diferentemente da filosofia cartesiana, que partilhava da idéia de dedução, a filosofia de Hume aponta para um outro centro, ou seja, temos agora a valorização da indução que tem a experiência num maior grau de importância para a construção da ciência.
A partir dessa explanação da Filosofia de Hume, tentamos traçar mais um capítulo da História da Ciência, esforçando-se por responder a dificílima pergunta o que é ciência? Mas já podemos destacar que qualquer resposta dada a essa questão é historicamente dada. A resposta que a filosofia de Hume possibilita a essa questão não deve ser tida como única, ou até mesmo como algo infinitamente melhor que a resposta que Descartes possibilita.
David Hume